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João Paulo Cercal

Software Engineer na Spectrm em Berlim, Alemanha

Decidimos mudar de país, por onde começar?

A princípio a decisão de mudar de país pode ser fascinante, no entanto, é necessário um pouco de esforço e dedicação para que isto possa se tornar realidade. Nós queríamos viver em outro país e ter a chance de conhecer uma cultura diferente da nossa, mas como nós começamos a lutar por este sonho?

A primeira coisa foi sim, definir um país para onde gostaríamos de ir e, a decisão foi Nova Zelândia ou Austrália, sendo que, os motivos que nos fizeram decidir isto foram:

  • As similiaridades climáticas com o Brasil;
  • E o idioma inglês (na Nova Zelândia também há o Maori, mas isto é uma outra história).

Se você conhece a nossa história já deve saber que não estamos nem na Nova Zelândia nem na Austrália, mas na Alemanha. Temos um post sobre isso, que você pode conferir aqui.

Nesta etapa eu já conseguia ler e escrever em inglês então, atualizei meu LinkedIn https://www.linkedin.com/in/jpcercal preenchendo completamente meu perfil profissional em inglês.

Como sou um desenvolvedor, atualizei também quase todos os repositórios que tenho no GitHub criando um arquivo README.md e refatorando o código fonte afim de usar esses repositórios como minhas referências públicas. Caso você não seja um programador e não conheça esse serviço, trata-se de uma plataforma colaborativa onde você compartilha e contribui com projetos, que por sua vez não possuem fins lucrativos, ou seja, uma espécie de trabalho voluntário, visto que você não recebe nada por isto exceto reconhecimento.

Em seguida, devido a importância do idioma, comecei a fazer aulas particulares de inglês. Lembro que eu não conseguia falar quase nada ou mesmo entender o que era falado, exceto “The book is on the table; hello; good morning; etc… que foram as piadas sem graça que você já deve ter visto durante o tempo da escola”. Isso me deixou muito inseguro, mesmo!

Até que, durante uma conversa com um amigo - professor de língua inglesa - ele me deu uma dica que abriu a minha mente, a frase foi mais ou menos assim:

Você não precisa se preocupar se fala errado ou certo, muito mais importante do que isso é a capacidade de se comunicar.

Isto é uma lição de vida pra mim, me esforcei muito pra romper essa barreira e finalmente venci a vergonha de falar errado ou até mesmo de ficar me culpando por não lembrar uma palavra ou expressão.

Sabe aquele famoso “deu um branco”, pois é, ele desapareceu. Embora tal expressão faça falta quando você está conversando, você também pode simplesmente explicar o que você está tentando falar sem o uso de tal expressão. Eu sei, parece simples como muitas coisas na vida, mas eu nunca pensei nisso e não me perguntem o motivo, vergonha e pressão psicológica são só algumas das possíveis respostas.

Cerca de quatro meses depois passei a receber pelo menos duas mensagens por semana no LinkedIn de recrutadores de diferentes países me oferecendo oportunidades tão interessantes que só fortaleciam o meu desejo de morar fora, não deixe de respondê-los, e faça isso o mais breve possível! Eu fiz uma lista bem grande de contatos e potenciais empresas desta forma, visando uma porta aberta no futuro, no entanto, a verdade era que eu estava com medo de aceitar uma entrevista haha.

Por conta disto, minha esposa passou a insistir em me dizer:

Se você não tentar conversar nunca vai saber como está o seu nível de compreensão. Então, tenta por favor!

Eu tentei a primeira vez, mas não fui bem. Não entendi quase nada do que ouvi e fiquei frustado. Eu já era pai, trabalhava o dia todo, dava atenção pro meu filho/esposa e estudava apenas quando meu filho dormia. Enfim, tinha um monte de responsabilidades e planos. Enquanto que, via meus amigos se divertindo, saindo pra passear ou mesmo dormindo até tarde, indo para a praia e como resultado, batia aquela angustia porque você não vê um resultado concreto de imediato. Eu acho que só consegui resistir a essas tentações porque tinha um objetivo e estava focado nisso, passei a dormir menos e a estudar adicionalmente durante a manhã, pouco antes de ir para o trabalho.

Ouvi muitos podcasts em inglês, de diferentes regiões do mundo sobre assuntos variados, de notícias à dicas de gramática isso fez com que eu desse um salto gigantesco em pouco tempo. Quando eu escutava? Dirigindo, cerca de uma hora por dia em média enquanto ia e voltava do trabalho.

Também passei a pesquisar e fazer anotações em inglês, mudei o idioma do celular para o inglês, li livros em inglês afim de aumentar meu vocabulário e ressucitei meu amigo imaginário para conversar comigo em inglês.

Cerca de três meses depois, decidi tentar uma nova entrevista para ver o quanto havia progredido. Como resultado passei em todo o processo seletivo, incluindo dois testes técnicos, o que me deixou muito feliz. No entanto, na última etapa do processo eu fui reprovado porque notavelmente eu tinha dificuldades para me expressar e falar sobre preferências. Reprovei por causa do idioma e fiquei feliz, porque quando você disputa uma vaga internacional você disputa com pessoas de vários países. Isso me motivou a continuar estudando no mesmo ritmo.

Portanto, ao invés de intensificar os estudos, eu os foquei na fala, visto que, eu já conseguia entender muito bem as pessoas. Então, durante aulas privadas com professores nativos pela internet, nós falávamos sem um vocabulário prévio sobre qualquer assunto que fosse sugerido.

Estudei desta forma durante aproximadamente quatro meses, e decidi tentar uma entrevista para um lugar em que eu não havia pensado, a Alemanha. Tratava-se apenas de um teste pra mim mesmo me auto-avaliar, no fim fui aprovado.

Minha família já sabia que eu queria vir para a Nova Zelândia, mas ninguém sabia que eu estava tentando entrevistas para outros lugares do mundo.

Depois de algumas semanas no processo seletivo, recebi a oferta de trabalho. A comemoração, rizadas e gargalhadas foram expontâneas e tomaram conta da casa toda, em seguida, veio um frio na barriga de que teríamos que contar para quem amamos que iríamos ficar longe porque nosso plano havia dado certo, se desfazer de tudo o que já havíamos adquirido e privar nosso filho de viver aonde nascemos, se você quiser saber mais pode seguir nossa próxima publicação.

Uma coisa que muita gente esquece, mas que é tão importante quanto a conquista final é de que você deve ter metas curtas e mensuráveis para poder comemorar a cada pequeno passo que fora dado, nós fazíamos isso com cervejas diferentes. Chocolate, laranja, trigo, mate, banana, frutas vermelhas, sempre com um sabor diferenciado para ser tão única quanto o resultado que fora alcançado.

Acredite nos seus sonhos e se dedique que você também consegue. Se vier para a Alemanha venha tomar uma cerveja conosco e nos contar a sua história. Se você tiver alguma sugestão de conteúdo, por favor entre em contato conosco através da nossa página de contato ou através dos nossos perfis nas redes sociais. Auf Wiedersehen.